quinta-feira, 21 de julho de 2011 By: Josianemaia

Greenpeace

Global e independente


Voluntário retoca a pintura do Rainbow Warrior em Jacarta, na Indonésia.© Greenpeace / Natalie Behring-Chisholm
O Greenpeace é uma organização global e independente que atua para defender o ambiente e promover a paz, inspirando as pessoas a mudarem atitudes e comportamentos. Investigando, expondo e confrontando crimes ambientais, desafiamos os tomadores de decisão a rever suas posições e adotar novos conceitos. Também defendemos soluções economicamente viáveis e socialmente justas, que ofereçam esperança para esta e para as futuras gerações.
Presente em 43 países de todos os continentes, o Greenpeace conta com o apoio de 4.384.000 ciberativistas e mais de 3.875.000 colaboradores.
No Brasil, somos mais de 70 pessoas trabalhando nos escritórios de São Paulo, Manaus e Brasília, 250 voluntários, 47 mil colaboradores e 300 mil ciberativistas.

Nossos Valores

Independência
O Greenpeace é uma instituição sem fins lucrativos e independente, que não aceita doações de governo, empresas ou partidos políticos. Seu trabalho é integralmente financiado por mais de 3 milhões de colaboradores de todo o mundo. A independência econômica do Greenpeace garante transparência, liberdade de posicionamento e expressão, permitindo que assuma riscos e confronte alvos e comprometendo-se exclusivamente com os indivíduos e a sociedade civil.
Não violência
A não violência é requisito fundamental em todas as atividades que o Greenpeace promove. Ela está embutida em ações, palavras e na forma de atuação em geral – seja com governantes, empresários, outras instituições ou com a população.
Confronto pacífico
O Greenpeace trabalha usando confrontos não violentos e criativos para chamar a atenção do público para determinado problema ambiental, mostrando que essa postura é alternativa eficaz de comportamento. Todas as ações que desafiam empresas e governos a mudarem de atitude, pressionando-os a encontrar novas soluções para antigos problemas, são pacíficas.
Engajamento
Nós acreditamos que a mudança de atitudes individuais pode fazer uma grande diferença para o futuro do planeta. Juntos, nós podemos enfrentar os problemas e promover soluções. Um pequeno grupo de pessoas teve a iniciativa de agir e, assim, o Greenpeace surgiu. Nós incentivamos todos aqueles que se preocupam com o futuro a fazer o mesmo: a agir. Conectando milhões de pessoas que têm os mesmos valores ao redor do mundo, o poder de mudança torna-se global.

Fascínio e destruição


Em 1999 chegamos à Amazônia para investigar a exploração ilegal de madeira. Não saímos mais. Muitas pesquisas e ameaças de morte depois, continuamos em campo. Aliados às comunidades locais, identificamos áreas sob pressão de desmatamento e denunciamos os responsáveis. Lutamos para que a produção de gado e soja, maiores vetores de devastação, parem de avançar sobre a floresta.

A Amazônia é a maior floresta tropical do planeta. © Greenpeace / Rodrigo Baleia
Do alto, do solo ou da água, a Amazônia brasileira é um impacto para os olhos. Por seus 6,9 milhões de quilômetros quadrados em nove países sul-americanos (Brasil, Bolívia, Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa) espalha-se uma biodiversidade sem paralelos. É ali que mora metade das espécies terrestres do planeta. Só de árvores, são pelo menos 5 mil espécies. De mamíferos, passa das 300. Os pássaros somam mais de 1.300, e os insetos chegam a milhões.

No Brasil, o bioma Amazônia cobre 4,2 milhões de quilômetros quadrados (49% do território nacional), e se distribui por nove estados (Amazonas, Pará, Mato Grosso, Acre, Rondônia, Roraima, Amapá, parte do Tocantins e parte do Maranhão). O bioma é muitas vezes confundido com a chamada Amazônia Legal - uma região administrativa de 5,2 milhões de quilômetros quadrados definida em leis de 1953 e 1966 e que, além do bioma amazônico, inclui cerrados e o Pantanal. (Mapa: bioma, Amazônia Legal e Limite Panamazônia)
Sob as superfícies negras ou barrentas dos rios amazônicos, 3 mil espécies de peixes deslizam por 25 mil quilômetros de águas navegáveis: é a maior bacia hidrográfica do mundo. Às suas margens, vivem em território brasileiro mais de 20 milhões de pessoas, incluindo 220 mil indígenas de 180 etnias distintas, além de ribeirinhos, extrativistas e quilombolas. Levando-se em conta toda a bacia amazônica, os números crescem: são 33 milhões de pessoas, inclusive 1,6 milhão de povos indígenas de 370 etnias.
Além de garantir a sobrevivência desses povos, fornecendo alimentação, moradia e medicamentos, a Amazônia tem uma relevância que vai além de suas fronteiras. Ela é fundamental no equilíbrio climático global e influencia diretamente o regime de chuvas do Brasil e da América Latina. Sua imensa cobertura vegetal estoca entre 80 e 120 bilhões de toneladas de carbono. A cada árvore que cai, uma parcela dessa conta vai para os céus.

Grandes também são as ameaças 

Maravilhas à parte, o ritmo de destruição segue par a par com a grandiosidade da Amazônia. Desde que os portugueses pisaram aqui, em 1550, até 1970, o desmatamento não passava de 1% de toda a floresta. De lá para cá, em apenas 40 anos, o número saltou para 17% – uma área equivalente aos territórios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Foi pela década de 1970 que a porteira se abriu. Numa campanha para integrar a região à economia nacional, o governo militar distribuiu incentivos para que milhões de brasileiros ocupassem aquela fronteira “vazia”. Na corrida por terras, a grilagem falou mais alto, e o caos fundiário virou regra difícil de ser quebrada até hoje.
A governança e a fiscalização deram alguns passos. Mas em boa parte da Amazônia, os limites das propriedades e seus respectivos donos ainda são uma incógnita. Os órgãos ambientais correm atrás de mapas adequados e de recursos para enquadrar os que ignoram a lei. Mas o orçamento para a pasta não costuma ser generoso. O resultado, visto do alto, do solo ou das águas, também é impactante.

Desenvolvimento para quem? 


© Greenpeace / Daniel Beltra
Uma das últimas grandes reservas de madeira tropical do planeta, a Amazônia enfrenta um acelerado processo de degradação para a extração do produto. A agropecuária vem a reboque, ocupando enormes extensões de terra sob o pretexto de que o celeiro do mundo é ali. Mas o modelo de produção, em geral, é antigo e se esparrama para os lados, avançando sobre as matas e deixando enormes áreas abandonadas.
Ainda assim, o setor do agronegócio quer mais. No Congresso, o lobby por mudanças na legislação ambiental é forte. O objetivo é que mais áreas de floresta deem lugar à produção, principalmente, de gado e soja. A fome por desenvolvimento deu ao país a terceira posição dentre os maiores exportadores de produtos agrícolas. Mas os louros desses números passaram longe da população local.
As promessas de desenvolvimento para a Amazônia também se espalham pelos rios, em forma de grandes hidrelétricas, e pelas províncias minerais, em forma de garimpo. Mas o modelo econômico escolhido para a região deixa de fora os dois elementos essenciais na grandeza da Amazônia: meio ambiente e pessoas.

Soluções

- Desmatamento zero: Ao zerar o desmatamento na Amazônia até 2015, o Brasil estará fazendo sua parte para diminuir o ritmo do aquecimento global, assegurar a biodiversidade e o uso responsável deste patrimônio para beneficiar a população local. Ações contra o desmatamento e alternativas econômicas que estimulem os habitantes da floresta a mantê-la de pé devem caminhar juntas. A criação de um fundo de investimentos nacionais e internacionais tornaria a proposta viável.
- Áreas protegidas: Uma parte do bioma é protegida legalmente por unidades de conservação, terras indígenas ou áreas militares. Mas a falta de implementação das leis faz com que mesmo essas áreas continuem à mercê dos criminosos.
- Regularização fundiária: É a definição, pelo Estado, de quem tem direito à posse de terra. O primeiro passo é o mapeamento das propriedades privadas para possibilitar o monitoramento de novos desmatamentos e a responsabilização de toda a cadeia produtiva pelos crimes ambientais ocorridos.
- Governança: Para todas essas medidas se tornarem efetivas, o governo precisa estar na Amazônia, com recursos e infraestrutura para fazer valer as leis de preservação.
Campo já sofre com queimadas
Após a disparada do desmatamento registrado em abril, florestas agora sofrem com focos de queimadas

Equipe do Greenpeace registra queimada em Nova Ubiratã (MT)©Rodrigo Baleia/Greenpeace
Mesmo antes da “temporada” das queimadas, que acontece normalmente entre julho e setembro, época da seca, as florestas – ou o que restam delas – já sofrem com as queimadas. No início de junho já havia a detecção de regiões afetadas pelo fogo. Em sobrevôo feito por uma equipe do Greenpeace, foi possível observar no estado do Mato Grosso focos de queimadas em grandes áreas recém-desmatadas.
O campaigner do Greenpeace Rafael Cruz relata que durante o sobrevôo foi possível ver focos de calor. “São queimadas provocadas, que tem como objetivo o plantio. Incêndio natural é muito pouco, residual. A grande maioria é provocado”.
Cruz conta que viu desmatamentos gigantescos, entre eles um de 1400 hectares no município de Nova Ubiratã (MT). “São áreas muito grandes desmatadas em plena época de chuva, o que é atípico. Normalmente isso acontece entre julho e outubro”, afirma o campaigner, que acredita que o desmate fora de época é mais um forte indício da corrida pelo código florestal dos ruralistas, aprovado na Câmara e agora em tramitação no Senado.
“Eles desmatam com correntão, enfileiram as árvores derrubadas e queimam. Aí a área fica livre para plantio. Os agricultores estão investindo. Fazer isso custa caro. É tudo preparação para solo, para plantação de arroz e soja”, diz.
Assim como a equipe do Greenpeace, satélites da NASA também registraram incêndios. Segundo a agência espacial, nas últimas 24 horas foram detectados mais de 10.500 focos de queimadas nas matas brasileiras.
A situação, que já não está favorável ao meio ambiente, pode ser agravada ainda mais. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), declarou esta semana que 2011 poderá ser o ano das queimadas. Responsável pela gestão do Prevfogo, sistema nacional de prevenção aos incêndios florestais, o órgão anunciou que áreas de mata nativa que foram derrubadas podem ser atingidas por incêndios clandestinos, no intuito de limpar terrenos para dar espaço à agricultura.
Segundo o Ibama, o Brasil vai sofrer uma explosão de focos de queimadas, principalmente em áreas de desmatamentos, que este ano atingiu recorde histórico. “O fogo é a forma de manejo mais utilizada para limpeza de terrenos antes da implantação de pastagem. O Mato Grosso poderá registrar mais ocorrências porque até agora é o estado que mais desmatou”, afirmou José Carlos Mendes de Morais, coordenador do Prevfogo.

Dados divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente mostram que dos 593,0 km² de desmatamento detectados entre março e abril na região da Amazônia legal, 480,3 km² ficam em Mato Grosso. Uma das regiões mais afetadas foi a fronteira entre o Cerrado e a Amazônia.
 
 

É tempo de desintoxicar

 
Investigação revela ligação de gigantes dos esportes como Adidas e Nike e a poluição química de rios na China. As marcas ainda têm chance de virar este jogo.

Ativistas exibem banner com a mensagem "Desintoxique" na entrada da maior loja Adidas do mundo, em Pequim. © Zong Mu / Greenpeace
Grandes marcas de equipamentos esportivos com selo de “made in China” estão por trás de uma história de poluição e perigo à saúde humana e ambiental. É o que revela recente investigação do Greenpeace, que mostra como fornecedores chineses para Adidas, Nike e Puma vem intoxicando os rios do país com rejeitos químicos. Estas marcas agora têm a chance de encarar o desafio da desintoxicação e virar este jogo.
Um ano de pesquisa revelou que a indústria têxtil na China é a principal responsável pela alta concentração de poluentes extremamente perigosos nas águas de importantes rios do país. As substâncias, para além das fronteiras chinesas, vêm viajando mares afora e já foram encontradas até no organismo de ursos polares. Na ponta desta cadeia, nomes como Nike, Adidas e Puma.
Para dar uma forcinha aos ícones do esporte mundial a mudar esta triste realidade, o Greenpeace na China lançou uma campanha campeã: ativistas do Greenpeace amanheceram na porta das maiores lojas da Adidas e Nike em Pequim, capital da China, com cartazes que diziam: Desintoxique!
Entre os principais vilões das águas chineses estão os compostos perfluorados, mais conhecidos como PFC’s, e os alquifenóis. Ambos carregam uma longa lista de malefícios aos humanos e ao ambiente, tais como consequências para os sistemas endócrino, reprodutivo e hormonal, doenças no fígado e problemas de crescimento

Pescando próximo a um tubo de descargas

Postado por Edu Santaela - 21 - jul - 2011 às 17:07
Segue a todo vapor a campanha do Greenpeace China pela desintoxicação das águas do país. DETOX, do inglês “desintoxique”, é o pedido que está sendo levado a grandes fabricantes de vestuários e produtos esportivos como Nike e Adidas. Estas empresas tem origem em países muito exigentes quando se trata do meio-ambiente. Mas, na China, suas instalações continuam a despejar resíduos tóxicos na natureza.
Conheça o site especial sobre a campanha (em português).
Veja o video DETOX

Por Sean, do Greenpeace Sudeste Asiático
Eu sempre evito ir a investigações de campo com o time de tóxicos, a menos que seja absolutamente necessário. Não que eu me importe com o trabalho pesado, ou que esteja receoso de estar em contato com substâncias tóxicas. O que eu temo é perder rapidamente as esperanças sobre o trabalho que eu faço.
Eu prefiro viajar com o time de florestas, porque, mesmo em áreas desmatadas, ainda existem pequenas áreas com árvores repletas de folhas verdes crescendo em suas copas. Ou com o time de Alimento & Agricultura, porque entre as áreas plantadas com safra de transgênicos ainda é possível avistar campos com plantações orgânicas onde fazendeiros cultivam sua própria comida. Eu também prefiro ir a campo em projetos de oceanos, porque o mar infinito oferece paz de espírito.
Entretanto, quando vou a campo com o time de tóxicos, tudo o que vejo e sinto é imundice, nada mais. Mesmo que eu feche meus olhos, posso sentir o fedor do processamento de alimentos, o fedor do apodrecimento de lixo orgânico de fábricas de papel, o fedor do cloreto de polivinila emitido pelas processadoras de plástico, o fedor de químicos sintéticos da manufatura de roupas.
Eu penso sobre como todos os produtos gerados neste medonho ambiente serão consumidos e utilizados por nós, como todos esses objetos sujos entrarão no ar que respiramos e que circula nos sistemas da Terra, e imediatamente parece que o ciclo da vida foi arrastado juntamente com a loucura da produção e do consumo humano.
Durante uma manhã, fui investigar um tubo de descarga para documentar e coletar amostras de poluentes que são secretamente emitidos por uma fábrica têxtil. Tive que trabalhar em absoluto sigilo para evitar ser descoberto pela fábrica de têxtil. (É sempre assim na China: para fazer o certo deve se agir em segredo).
Eu mergulhei uma longa estaca dentro do largo cano poluente para medir o volume de água poluída que estava sendo liberada. Mas a superfície de água, coberta de óleo e sujeira, me fez sentir como se estivesse crescendo bolor em todo meu rosto. Acima de tudo, com água suja espirrando na minha máscara, eu tive que resistir à vontade de vomitar.  
De repente, eu senti alguém bater nas minhas costas. Fiquei tão assustado que quase caí na água. Eu recolhi a estaca, olhei atrás de mim e vi um velho homem parado ali. Ele perguntou: “Você pode pescar peixes aqui?”. Eu percebi que ele achou que eu estava segurando uma vara de pescar, então mantive a calma e disse: “Sim, eu ouvi dizer que há um tipo de peixe de pequeno porte que vive nessas águas, e que tem propriedades medicinais”.   
O senhor idoso ficou curioso e respondeu: “Pode ser. Se um peixe pode sobreviver em uma água tão suja quanto essa, deve ter muita resistência. Então não seria tão estranho que esse peixe tenha propriedades medicinais”.
Estava claro que ele estava apenas de passagem, então eu respondi: “Sim, sobrevivência do mais apto. Peixes que se adaptam podem sobreviver, assim como nós, humanos”.
Ele respondeu: “Por mais de dez anos, eu tenho me exercitado toda manhã. E todos os dias eu me adapto à vista da água poluída sendo derramada por esse grande tubo. Eu costumava comprar peixes de barcos de pescadores nas redondezas. Mas aqueles barcos se foram. Agora temos os supermercados para comprar peixe, então isso não nos afeta tanto. Entretanto, um dia o cano de repente parou de descarregar a água suja, então, pensando que algo realmente ruim estava para acontecer, alguns de nós que se exercitavam todas as manhãs foram à polícia para denunciar o fato”.   
Ele continuou conversando comigo, dando sinais de que não iria embora. Ele queria ver se eu iria ou não conseguir pescar o pequeno peixe com propriedades medicinais.

"Outra clareira. Mais uma..."

Postado por bcamara - 11 - jul - 2011 às 18:54 6 comentários

© Greenpeace/Marizilda Cruppe/EVE

* Por André Muggiati


Nosso avião sobrevoa amplas áreas de florestas primária, completamente preservadas, no município de Apuí, sul do Estado do Amazonas. De repente, uma clareira se abre no meio da mata. As árvores derrubadas, lá embaixo, não deixam dúvida: estão desmatando. Mas aqui? No meio do “nada”? A indignação vai tomando conta, mas quase não dá tempo. Outra clareira. E mais uma. Circundando o mosaico de pequenas áreas podemos perceber que, quando conectadas, formarão uma grande fazenda. Mas o crime não acaba aí. Ao longo de pequenos riachos e igarapés, as árvores também não foram poupadas, o que configura crime ambiental segundo o Código Florestal.
Após dois dias de sobrevoos, observando pequenos e médios desmatamentos e vastas áreas de florestas ressecadas pela ação do fogo no sul do Amazonas, não temos dúvidas: o desmatamento voltou, provavelmente incentivado pela promessa de anistia a desmatadores, contida na proposta de Código Florestal recém aprovada na Câmara dos Deputados. E ele está avançando cada vez mais para dentro da floresta, não só em Apuí, mas também em Canutama, Novo Aripuanã, Lábrea e Boca do Acre.
Os dados do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) comprovam: o Amazonas voltou a chamar atenção pelo avanço do desmatamento no sul do estado, área que já é considerada uma nova fronteira dessa expansão. Se compararmos os alertas do Deter de 2011 com os do ano anterior, há uma expressiva tendência de crescimento. Por meio de interpretação de imagens de satélite, a equipe do Laboratório de Geoprocessamento do Greenpeace identificou 146 polígonos, entre áreas em degradação e com corte raso, e sobrevoou alguns desses pontos para documentar a devastação.
Nesta segunda-feira, dia 11 de julho, fizemos a nossa parte: encaminhamos denúncia detalhada, com o “endereço” dos desmatamentos para o Ibama, a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas e o Ministério Público Federal. Não que eles fossem difíceis de achar. O próprio Deter já havia apontado vários deles, no mês de maio. Também publicamos a denúncia em jornais e websites do Brasil e do exterior. Nossa esperança é que o governo faça algo para interromper a matança da floresta, enquanto ainda é tempo. E que o Senado não aprove esse novo Código Florestal, que mesmo antes de aprovado já está causando destruição. Afinal de contas, o Brasil do futuro não pode mais conviver com a destruição de suas florestas.

* André Muggiati é coordenador de campanhas na Campanha Amazônia do Greenpeace


Por um mar sem fim


Dados do governo federal apontam que 80% das espécies marinhas exploradas pela atividade pesqueira encontram-se em algum nível de risco. Para evitar que esses níveis se agravem, é preciso desenvolver uma política nacional de conservação dos nossos mares que inclua a criação e implementação de Áreas Marinhas Protegidas e uma maior governança pesqueira, visando o fim da pesca ilegal e predatória.

Peixe Pomacanthus arcuatus, na região de Abrolhos. © Greenpeace / Alcides Falange
O Brasil tem uma longa história de ligação com o mar. É na costa que se concentra a maior parte da nossa população e são nas praias que essa massa de pessoas se diverte nos fins de semana de sol. O que poucos imaginam é que este lazer está ameaçado. Mas quem precisa do mar para sobreviver – como os pescadores que capturam peixes cada vez menores – ou os cientistas que estudam a qualidade da água no nosso litoral, sabe muito bem que a ameaça é real.
Em 2007, o Greenpeace realizou uma pesquisa com mais de 40 especialistas, entre membros do governo, representantes de ONGs e pesquisadores acadêmicos. Todos foram unânimes em dizer que nossas águas estão se afogando em problemas por conta da gestão desordenada, da insuficiência de áreas protegidas capazes de repor nossos estoques pesqueiros e da vulnerabilidade dos oceanos às mudanças climáticas.
Esse estudo serviu de base para a criação da Campanha de Oceanos do Greenpeace, que tem com o objetivo primordial a criação de Áreas Protegidas em 30% da extensão da zona marítima sob jurisdição brasileira e conscientizar as pessoas sobre a relevância da conservação marinha.

Gestão desordenada


Navio do Greenpeace bloqueia pesqueiro escocês. A pesca de arrasto ameaça a biodiversidade marinha. ©Greenpeace / Aslund
Atualmente, a gestão dos mares é disputada por três órgãos que raramente atuam de forma coordenada. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) é responsável pelo ordenamento costeiro e pela fiscalização da pesca. O Ministério da Pesca e Aqüicultura (MPA) segue na contramão, pois sua função é justamente a de incentivar a exploração dos recursos pesqueiros. Ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) sobra a tarefa de zelar pela biodiversidade, coisa que por sinal ele não faz muito bem.
Menos de 1% da águas brasileiras, um colosso que se estende por 8.688 quilômetros de costa e se espicha por 200 milhas Oceano Atlântico adentro, está sob proteção. As três Áreas Marinhas Protegidas mais relevantes do país – a Reserva Biológica do Atol das Rocas e os Parques Nacionais de Abrolhos e Fernando de Noronha – foram criadas antes de 1988. É fundamental retomar a política de criação de reservas marinhas para repor os estoques de peixes e garantir a qualidade de um litoral cuja economia depende muito do turismo marítimo.
A pesca comercial não vem respeitando orientações que permitem a reposição dos estoques, como não ultrapassar cotas de captura, atuar somente com licenças de pesca, utilizar técnicas não predatórias, respeitar áreas e períodos de reprodução das espécies, além de tamanho mínimo dos indivíduos de cada espécie.
Presente em 71% da superfície da Terra, os oceanos são peça-chave para o equilíbrio do clima, das correntes marinhas, correntes de ventos e temperatura do planeta. Eles têm papel relevante na variação de temperatura e são sumidouros de carbono, capturando as emissões provocadas pela atividade humana de CO2, que contribuem para o aquecimento global. O problema é que a poluição e o uso predatório dos recursos marinhos podem desequilibrar essa função reguladora dos mares no clima, pondo em risco a vida marinha e os 2/3 da população mundial que vivem à beira-mar.

O que queremos

- Criação de áreas marinhas protegidas em 30% de nossas águas territoriais e, globalmente, para que o mundo destine 40% de suas águas oceânicas para reservas marinhas;
- Uma política nacional de oceanos marcada pela coordenação entre os órgãos responsáveis;
- Regulamentação definitiva da atividade pesqueira – incluindo a fiscalização contra técnicas de pesca predatórias como o arrasto;
– Conscientização da população sobre a conservação dos oceanos;
- Pressão sobre a diplomacia brasileira para que ela aja em fóruns internacionais no sentido de proteger a biodiversidade marinha global.

http://www.greepeace.com/

0 comentários:

Postar um comentário